A primeira grande lição que extraímos deste evento é: Peca-se porque não se sabe esperar, somos impacientes e o resultado são prejuízos espirituais. Os dicionários seculares definem “ouvir” como captação de som, perceber pelo sentido da audição e tomar conhecimento. Ao refletirmos sobre as ações de Arão e Moisés e, em se tratando de Reino de Deus, fica fácil diagnosticar que ouvir não é mera captação de som, mas absorção de mensagem. Arão ouviu, e absorveu a voz do povo. Moisés também ouviu, mas absorveu a voz do Criador, o que nos ajuda a contrariar um velho ditado e a afirmar que “a voz do povo NÃO é a voz de Deus”.
Arão fez parte de uma equipe escolhida para realizar feitos para Deus, ao lado de Moisés, para libertar Israel da escravidão no Egito (Ex 4:14-16), mas Arão deixou-se corromper e permitiu a idolatria entre o povo com a confecção do bezerro de ouro. Arão esteve em muitas situações de luta pelo Senhor, mas mesmo assim desobedeceu e infringiu as leis de Deus (Ex 32:5-6). Ele ainda tentou justificar-se pelo delito cometido e, como se não bastasse, acusou a terceiros (Ex 32:22-24), simples assim. A vida de Arão só não foi ceifada após esse terrível feito porque Moisés intercedeu ao Senhor por ele e por todo o povo (Ex 32:11-14). Podemos, então, afirmar que Arão ouviu, mas não absorveu, consequentemente não atendeu à voz de Deus.
Moisés, assim como Arão, estava propenso ao pecado, mas foi um servo, apesar de relutante, prudente e cauteloso, consciente de sua incapacidade, conhecedor das suas limitações e temores diante do grande desafio que Deus colocara em suas mãos (Ex 3:11). Foi também humilde, verdadeiro e, mesmo achando-se incapaz não desistiu, perseverou (Ex 4:10,13,18). Moisés também se compadeceu do povo perdido e confuso nas suas escolhas (Ex 32:11-12), mas sua maior qualidade foi a obediência (Ex 4:18,20). Podemos afirmar, então, que Moisés ouviu, absorveu e atendeu à voz de Deus.
Enquanto Moisés, no Monte Sinai, ouvia a voz de Deus, Arão o sumo-sacerdote, ouvia a voz do povo atolado e arraigado à idolatria egípcia.
Moisés ouvindo a voz de Deus, recebeu a revelação da Lei da Retidão. Arão, mesmo conhecendo a Deus, preferiu ouvir e atender ao povo, cedendo às queixas, aspirações e exigências de pecadores.
Moisés trouxe do Monte Sinai padrões de justiça do céu que não fazem concessão ao pecado. Arão cedeu aos terríveis caprichos humanos e pagãos que nada mais são do que o próprio pecado.
Moisés certamente ouviu as murmurações do povo e a doce voz de Deus. Arão também, mas toda a diferença se deu no momento de “atender à voz”!
Ambos tinham estado ouvindo e recebendo mensagens de Deus, bem como de origens diferentes e, consequentemente, tiveram também atitudes diferentes.
Sabemos falar com Deus e até ousamos questioná-Lo em muitas situações, mas nem sempre estamos dispostos a ouvi-Lo e atentar à Sua doce voz. Talvez você esteja se perguntando: Mas o que tudo isso tem haver comigo? Precisamos aprender a ouvir, discernir e atender à voz do Eterno. E onde nos encaixamos, nas atitudes de Arão ou nas de Moisés? Em Lucas 6:46-49 Jesus diz que “quem ouve as palavras d’Ele e as pratica é sábio”.
Há um trecho muito apropriado para o assunto, de um belo hino, que diz:
“Qual maior prazer que Lhe ouvir dizer: Vem, meu filho, vem me escutar! O que fiz por ti, tudo o que sofri. Na cruz, pra te resgatar! HCC 384 - A voz de Jesus - (M. A. de Souza e C. Austin Miles)
Dependendo de como ouvimos ou de quem ouvimos, vamos glorificar ou não ao Senhor! Temos ouvido e absorvido a voz de Deus?